quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Assumindo o mal gosto musical

Se existe uma verdade a ser dita  é que o gosto não se discute. Mas se tem uma algo que pode ser discutido são os argumentos a favor ou contra alguma criação artística.

Ou seja, o real valor estético de qualquer obra de arte sempre é discutível.

O gosto é algo subjetivo, imensurável, por muitas vezes intangível pela lógica. É um universo recheado pelas inerentes contradições do ser humano.

Já a relevância artística de algo, embora ainda permeado de certa subjetividade e certamente avesso a proposições matemáticas facilmente mensuráveis, não é algo que possa ser plenamente misturado ao simples provérbio que reza "Gosto é que nem ânus".

Partindo dessa premissa, é irracional a atitude de muitas pessoas que simplesmente não admitem o péssimo gosto que possuem.

Com a maior sinceridade do mundo, não consigo conceber que algo como Tati Quebra Barraco possua valor artístico só porque um mano vida-loka acha, em sua interna verdade subjetiva, que essa coisa interprete canções de qualidade.

Ou isso é pura ignorância (no sentido de nunca ter conhecido outras coisas) ou isso é pleno desinteresse pela apreciação estética  da música.

Vejam bem, eu não estou dizendo que isso é algo ruim ou condenável. Isso é simples desinteresse por esta espécie de arte.

Assim como muitas pessoas não dão a mínima para a pintura, escultura, livros, muitas pessoas não gostam de música. Se contentam em ouvir o que a mídia (incluindo TODAS as formas de mídia) propagandeia.

É por isso que gosto pessoal não pode ser usado como parâmetro de qualidade.

Britney Spears vendeu milhões de discos? Continua sendo uma porcaria. Beyonce tem milhiardares de fãs? Continua sendo música de péssima qualidade. Justin Bieber é a nova sensação teen? Na verdade não passa de um bolo fecal dos grandes.

Estes milhões de fãs que consomem este tipo de música se compõem de pessoas que não aprenderam a apreciar as possibilidades melódicas, timbrísticas e rítmicas  que nossa escala de 12 notas é capaz de oferecer. E não há nada de mal nisso.

Seria a mesma coisa que um estudante de cinema mala começasse a me torrar a paciência pelo fato de eu ter odiado o filme "Morte em Veneza "(Luchinno Visconti, 1971). Sorry, cinema não é minha praia meu amigo. 

Por mais que eu tenha odiado esse mencionado filme, não há argumento válido que possa diminuir seu status de obra-prima.

Não é porque eu prefiro The Beatles à J.S. Bach que The Beatles é melhor que J.S. Bach.

Todo mundo gosta de coisas ruins, mas poucos possuem um ego psiquicamente saudável para admitir isso.

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